Depois de nós, o que restará?
O eco das palavras não ditas,
ou o silêncio fértil das sementes plantadas?

O caos talvez venha,
com suas garras afiadas de pressa e medo,
rasgando a delicadeza do mundo.
Ou será que, por fim,
as raízes da humanidade se entrelaçarão,
num abraço profundo de compaixão?

Quem sabe, um novo Éden floresça,
onde as fronteiras se dissolvam como névoa,
e os corações, antes tão distantes,
sejam jardins abertos à convivência.

As mãos que hoje se recolhem,
podem voltar a se estender,
e os olhos, cansados de telas,
buscarão o brilho do outro.

Depois de nós, o que virá
não será apenas herança de ações,
mas do amor que ousamos cultivar.
E se hoje estamos isolados,
talvez seja para aprender a saudade,
e, com ela, a verdadeira arte
de ser humano.