Durante um seminário de autoajuda em um resort na serra, Ana e Luiz estavam sentados na plateia, ansiosos pelas palestras que prometiam transformar suas vidas. O auditório estava cheio de casais e indivíduos em busca de respostas e inspirações para suas vidas pessoais e relacionamentos. Um dos palestrantes, renomado por suas palestras motivacionais sobre felicidade e autossuficiência emocional, se aproximou da plateia e, com um sorriso acolhedor, dirigiu-se diretamente a Ana, que estava ao lado de Luiz.
— Senhora, posso lhe fazer uma pergunta? — perguntou o palestrante, enquanto a plateia se silenciava em expectativa.
Ana assentiu com a cabeça, curiosa sobre o que viria a seguir.
— Seu marido lhe faz feliz? Ele lhe faz feliz de verdade?
Luiz, até então relaxado, endireitou-se na cadeira, exibindo uma expressão de segurança e um sorriso orgulhoso. Ele tinha certeza de que Ana responderia afirmativamente, pois nunca tinha ouvido uma reclamação dela sobre o casamento.
Para surpresa de todos, especialmente de Luiz, Ana respondeu com um sonoro e enfático "NÃO".
— Não, meu marido não me faz feliz! — declarou Ana com firmeza, fazendo o ambiente vibrar com o impacto de suas palavras.
Luiz ficou desconcertado, o sorriso desaparecendo de seu rosto, enquanto olhava para Ana com uma expressão de incredulidade. No entanto, Ana, com um olhar sereno, continuou:
— Meu marido nunca me fez feliz e não me faz feliz. Eu sou feliz. A minha felicidade não depende dele; depende de mim. Eu sou a única pessoa responsável pela minha felicidade.
A audiência murmurava, intrigada e surpresa. O palestrante sorriu, incentivando Ana a continuar.
— Eu determino que serei feliz em cada situação e momento da minha vida. Se minha felicidade dependesse de uma pessoa, coisa ou circunstância, eu estaria com sérios problemas. Tudo o que existe nesta vida muda constantemente: o ser humano, as riquezas, o clima, a saúde. Se eu me baseasse nisso para ser feliz, nunca encontraria paz.
Ana olhou para Luiz, que a observava com um misto de admiração e confusão.
— Eu preciso decidir ser feliz independente de tudo. Se tenho minha casa vazia ou cheia, sou feliz. Se vou sair acompanhada ou sozinha, sou feliz. Se meu emprego é bem remunerado ou não, sou feliz. Hoje sou casada, mas eu já era feliz quando estava solteira. Eu sou feliz por mim mesma.
O palestrante interveio, empolgado com a sinceridade de Ana.
— Isso é extraordinário! Continue, por favor.
Ana sorriu e prosseguiu:
— As demais coisas, pessoas, momentos ou situações são experiências que podem ou não me proporcionar alegria ou tristeza. Quando alguém que amo morre, sou uma pessoa feliz num momento inevitável de tristeza. Aprendo com as experiências passageiras e vivo intensamente as eternas como amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar.
Luiz, agora com um olhar compreensivo, pegou a mão de Ana e a apertou com carinho.
— Amo a vida que tenho, não porque minha vida é mais fácil que a dos outros, mas porque decidi ser feliz como indivíduo e me responsabilizo por minha felicidade. Quando tiro essa obrigação do meu marido e de qualquer outra pessoa, deixo-os livres do peso de me carregar em seus ombros. A vida de todos fica muito mais leve. E é dessa forma que conseguimos um casamento bem-sucedido ao longo de tantos anos.
O auditório aplaudiu calorosamente. O palestrante, visivelmente emocionado, concluiu:
— Nunca deixem nas mãos de ninguém a responsabilidade de assumir e promover sua felicidade. SEJAM FELIZES, mesmo que faça calor, mesmo que estejam doentes, mesmo que não tenham dinheiro, mesmo que alguém os tenha machucado, mesmo que alguém não os ame ou não lhes dê o devido valor.
Ana e Luiz saíram do seminário de mãos dadas, com um novo entendimento sobre o verdadeiro significado da felicidade e do amor. Eles sabiam que, a partir daquele momento, cada um seria responsável por sua própria felicidade, tornando seu casamento ainda mais forte e pleno.