Não há tempo pro descanso
Eu teria que parar
Todos falavam comigo
O médico mostrou o motivo
Um aborto podia esperar

Neném quase nascendo
E eu com barrigão
Piscina, parquinho com filhinho
Só na imaginação

O bebe chegou depressa
Agarradinho em meu peito
Com mamadas vigorosas
O seu único alimento

Dois rebentos só chorando
Uma loucura pra amamentar
Um termina a mamada
Outro começa a mamar
E o primeiro a começar.

Eu com medo e insegurança
Olhando o pequeno tristonho
Resolvi continuar
Fui contra tudo e todos
Ouvia poucas e boas
E continuei ambos alimentar

Já está grande esse pimpolho
Dá arroz bifinho e feijão
Deixa o leite pro menor
Que só tem essa alimentação

No início  mamava era escondida
Estou fazendo certo ou errado?
A primeira vez que viu
Ficou desconcertado  
E  meu coração apertado!

Parecia uma fala
De um pequeno judiado:
- Mamãe não me deixa de longe
Do aconchego ao seu lado

Comecei a me julgar,
A me recriminar.
Minha criança tão pequenina
Viu no neném seu destino se enfadar
Que nem posso imaginar

Eu sou mãe de dois filhos
Dividida não estarei
Peguei os dois bem juntinhos
E os amamentei de uma só vez